Caroles tem 32 anos de idade, mas espírito de 20. Nasceu no Rio de Janeiro e morou até os 13 anos na Freguesia, em Jacarepaguá, depois, se mudou para Barra, onde mora até hoje. Muito conhecida e reconhecida por onde passa, possui um som inconfundível. Uma das maiores representantes do som feito por mulheres na cena eletrônica do Rio de Janeiro e do Brasil, tendo se apresentado em inúmeros eventos pelo país inteiro. Universo paralello, Ultra Music Festival Brasil e Sunset Day Party são alguns exemplos de lugares por onde seus sets já foram ouvidos. “Comecei a tocar com 21 anos e a música com certeza rejuvenesce a alma”. Confira abaixo a entrevista feita pela Backstages.

 

“Tocar é uma meditação,
um momento único
onde não existe passado nem futuro,
só existe o agora.”


“Por que a música?”

Não posso dizer que eu escolhi a música, acho que poderia dizer que é ela que escolhe as pessoas né. Graças a Deus ela me escolheu e hoje posso fazer o que eu amo e ter uma profissão que me dá muitas alegrias, festa após festa. Tocar é uma meditação, um momento único onde não existe passado nem futuro, só existe o agora! e o agora é muito mais poderoso do que podemos imaginar, cura muitos males.”

“O interesse surgiu de imediato, assim que fui na minha primeira rave, em meados do ano de 2001. Naquela época o psy trance e o fullon ganharam bastante importância na minha vida, mas o desejo de tocar só viria um tempinho depois, em 2007, e com outro estilo musical, o electro house.”

“Iniciar a carreira como DJ foi muito natural e sem pretensões. Quando comecei a tocar, só queria mesmo fazer um som para os amigos e me divertir gravando sets com tracks que eu adoraria ouvir nas festas, mas que nunca rolavam, me sentia realizada em fazer sets do jeitinho que eu queria, e de churrasco em churrasco, festinha em festinha, vi que sem querer tinha iniciado uma carreira e já estava com diversos fãs espalhados pela cidade. Me dei conta da quantidade deles quando minha comunidade no Orkut tinha mais fãs do que alguns djs profissionais na época.”


“Quando me perguntam o que eu toco, de vez em quando eu respondo ‘o seu coração’ (risos). Independente do estilo escolhido para a apresentação (e já percorri diversos ao longo da carreira), minha intenção é sempre me conectar com o maior número de corações presentes. Quanto mais sorrisos eu enxergar na pista, mais sinto que meu trabalho está sendo bem feito. Por optar por músicas às vezes ‘fora do padrão’, costumo dividir opiniões: ou as pessoas “me amam” ou “me odeiam”, mas sempre preferi ser assim do que ser mais uma dj sem sal no meio da multidão.”

“Estou sempre em constante aprendizado, toda apresentação que vejo
eu absorvo algo para mim.
Mesmo que eu veja algo que eu não ache legal,
eu aprendo que nunca devo fazer algo parecido.”


“Poderia passar um dia inteiro falando das minhas influências.”

“Vou me conter em algumas referências eletrônicas. Como dj eu gosto de ver verdadeiros djs em ação: D-Nox, Carl Cox, Nedu Lopes, Sandro Valente, Leo Janeiro, Glen, entre outros… sempre terão minha atenção e presença para assisti-los! Digo que gosto de ver verdadeiros djs em ação porque nem sempre um bom produtor é um bom dj e vice-versa, é super frustrante ver uma apresentação ruim de um cara que fez aquela track que você ama, e infelizmente é super comum acontecer. Nos meus sets de minimal não podem faltar Droplex, Corner, Daniel Aguayo, Julio Leal, Steven Bullex e Luigi Pereti. Já nos sets de Indie e Deep não podem faltar Chemical Surf, Kolombo, Glen, Elekfantz, Tim Baresko, Natema, Ramon Kreisler e é claro, Vintage Culture que assim como todo mundo, eu também amo.”


Suas apresentações são um mix de visual e áudio, é algo inseparável no seu som?

“A audição é um sentido que se complementa muito com a visão, há algum tempo tenho investido em figurinos que ‘conversam’ com a música e dão ao público uma preenchida ainda maior na experiência. Acho importante sim uma boa aparência e um cuidado especial nessa parte, ter um ‘ar de artista’ pode ser bem divertido (risos).”

“Temos uma representatividade feminina excelente na cena,
mas em questão de números somos uma minoria esmagadora. Precisamos de mais mulheres representando a música eletrônica, temos mais sensibilidade e isso é um tremendo ponto positivo em relação aos homens”


“Despretenx” são mulheres no comando? É um projeto seu? Como se dá?

A Despretenx hoje é um coletivo de arte, moda e música, mas começou por uma idéia minha e da camila (que até então era minha amiga, e hoje estamos prestes a casar – mas isso é uma outra longa história (risos). Estávamos cansadas de festas que segregavam os públicos e estilos musicais e decidimos fazer um movimento onde todas as tribos se misturassem despretensiosamente, assim nasceu a festa que esse ano completa 6 anos, já passou por 3 estados, já tocou do hip-hop ao tribal e formou uma família de frequentadores que se tornou nossa atração principal, a Família Despretenx!

“Depois a festa se tornou também uma coleção de roupas estilizadas personalizadas, se tornou um canal no youtube com programas divertidíssimos e principalmente, se tornou sinônimo de respeito, consciência ambiental, diversidade, arte e música boa! Éramos apenas mulheres na produção, até que esse ano o dj Fernando Amaral e o produtor Eric Maliverne somaram forças para o sucesso dos eventos, além dos djs Fabio Araujo e Cadu Novellino que complementam a Despretenx Crew, time de residentes da festa.

Como dj, aproveito a mente aberta do público da Despretenx para fazer sets especiais que normalmente não tenho a oportunidade de tocar em outros lugares. É uma grande realização pessoal!”

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