Abrindo as entrevistas de 2018. Conversamos com Alisson Demetrio, o fotógrafo oficial de Alok e responsável por já ter registrado belíssimas imagens em grandes festivais no Brasil e pelo Mundo a fora.

Alisson é Catarinense, e atualmente reside no interior do estado de São Paulo, em Jundiaí. Além de fotógrafo oficial da turnê de Alok, ele também realiza trabalhos com outros Djs, cantores Sertanejos, Festivais de música e outros eventos. O fotógrafo faz parte do coletivo Image Dealers, que são responsáveis por cobrir grandes festivais e estão sempre ao lado de grandes Djs da cena eletrônica.

Com um curriculum de tirar o folego, Alisson já fotografou festivais como Tomorrowland, XXXperience, UltraMusic, Tribe, Tribal Tech, Lollapalooza, VillaMix, Planeta Atlântida, Universo Paralello, EDC, e os maiores clubes do Brasil, Greenvalley, Laroc, Anzu entre outros internacionais.

Alisson já fotografou oficialmente para grandes djs internacionais, como David Guetta na sua passagem por São Paulo em 2016, e foi o fotógrafo principal da magnifica turnê Armin Only Embrace, pro Armin Van Buuren no mesmo ano, em São Paulo.

Confira a seguir a entrevista completa com o fotógrafo.

Fotógrafo Alisson Demetrio
Fotógrafo Alisson Demetrio

Olá Alisson! É um prazer falar contigo, sobre o seu trabalho e carreira como fotógrafo. Poderia nos falar um pouco sobre como e quando você se descobriu como fotógrafo?

O prazer é meu em poder contar um pouco da minha história para vocês. Quando comecei a me interessar por fotografia foi direto pela “fotografia de balada” porque tinha um amigo no ensino médio que fazia isso e eu ficava encantado com os acessos que ele tinha nas festas que a gente frequentava e queria fazer aquilo também. Quando me mudei pra Curitiba-PR em 2008 comprei uma Canon Sx30 semi profissional, uma câmera bem simples e eu só fazia foto de plantas e do cachorro. Mudei pra Jundiaí-SP em 2011, e é onde moro atualmente. No ano seguinte comecei a fotografar algumas festas na cidade, mas as fotos eram muito ruins pela qualidade da câmera e da técnica que eu não dominava, mas queria muito aquilo então tinha que começar de alguma forma. No ano seguinte fiz um upgrade no equipamento, comprei uma Canon t3i e um flash externo, e fiz alguns cursos rápidos, mas que foram de grande importância. Em 2013 montei junto com meu amigo Jean Flanders o 501 Fotos, uma página no facebook pra postar as fotos que fazíamos na cidade, e fui sendo reconhecido pela qualidade das fotos e sempre era chamado pra fazer os eventos na cidade.

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A suas fotos passam a verdadeira energia de um festival, passam a energia do Dj se apresentando e também aquela sensação de poder estar lá ou a saudade que ficou daquele festival vivenciado. Para produzir as suas imagens, você frequentou algum curso, faculdade ou adquiriu conhecimento sozinho, como muitos grandes fotógrafos pelo mundo a fora?

Eu já trabalhei montando som de festas, carregando caixa, ligando cabos de cdj, já trabalhei como sonoplasta em gravadora de rádio am/fm e conheço o que gira em torno da música, conheço a estrutura de uma música eletrônica, eu gosto de música, eu ouço muita música de todos os estilos, ela faz parte de vários momentos bons e ruins da minha vida, isso me ajuda muito na fotografia, a transmitir o que estou vendo e sentindo fotografando um show, um festival, toda essas experiências que tive lá atrás me ajudam hoje, os cursos que fiz foram apenas para aprimorar minha técnica e uso do equipamento, o feeling que tenho e uso para as fotos desenvolvi com o tempo e com a prática.

Hoje, você é o fotógrafo de um dos melhores e mais conhecido Dj do país. Quando começou essa parceria e como você se tornou o fotógrafo oficial do Alok?

Minha história com o Alok começou com um inbox no facebook, mandei uma mensagem perguntando se poderia fotografar ele tocando na Anzu em Itu-SP, mas antes disso eu tinha montado um pequeno portifólio pra mostrar pra ele, ele curtiu e aceitou, fui e fiz varias fotos que ele gostou, e desde então estamos na estrada juntos. Durante muito tempo fotografava ele apenas em festivais maiores, e a dois anos que viajo em tour com ele pelo Brasil e pelo mundo.

Qual a sua relação e como é a convivência com Alok, viajando em turnês pelo Brasil e o Mundo, sendo o responsável por registrar os melhores momentos?

A relação com o Alok e toda a equipe é de amizade, todos são amigos e irmãos de pais diferentes, todos se ajudam, sempre preocupado com o bem estar um do outro, e o Alok é o que todos veem dele, ele é real e autêntico, se preocupa de verdade com tudo e com todos, mas como qualquer grupo que convive muito tempo junto tem as brigas e discussões, é inevitável já que todos são diferentes, mas nada que abale a relação que construímos.

Alisson Demetrio e Alok / Foto tirada enquanto respondia a entrevista
Alisson Demetrio e Alok / Foto tirada por Alisson, enquanto respondia a entrevista

Geralmente os fotógrafos tem algumas inspirações e refêrencias. Quais são as suas inspirações e quais são as suas referências em fotógrafos atuando na cena eletrônica mundial?

Quando comecei a fotografar sempre almejei ter as fotos da mesma qualidade e visão dos fotógrafos que eu seguia, Rukes, Rudger, IHateFlash, Gui Urban são os mais conhecidos e os que mais usei e ainda tenho como referências na música, mas sigo e estudo muito sobre outros fotógrafos de outras cenas como moda, esporte, animais, paisagem, arquitetura, e os meus preferidos, documentaristas.

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Você já passou por vários grandes eventos fotografando, qual deles foi o mais marcante para você e por que?

As metas de poder fotografar um grande evento vão mudando com o tempo e conforme você vai atingindo o que você almeja. No começo meu sonho era fotografar qualquer festival no Brasil, consegui fotografar pela primeira vez na Tribe em 2014, no mesmo ano atingi meu outro objetivo que era fotografar no Greenvalley, nos anos seguintes pude fotografar todos os festivais que sempre sonhei no Brasil, e minha meta maior era claro, o Tomorrowland Bélgica, que pude fotografar em 2016 e 2017. Todos tem um sentimento especial de conquista, mas poder estar de frente com o MainStage do maior festival do mundo é indescritível, passa um filme na sua cabeça de tudo que você batalhou pra estar ali, é gratificante e recompensador.

Qual foi um dos momentos mais inusitados e curioso que aconteceu durante a sua carreira profissional?

Nesses poucos anos já aconteceram diversas coisas e situações difíceis de acreditar, o mais tenso foi quando roubaram meus equipamentos duas vezes no mesmo final de semana, difícil de acreditar mas é verdade. Roubaram a mão armada na sexta em Santos-SP e consegui recuperar na mesma noite rastreando um iPhone que ficou no carro. E no domingo dei o vacilo de deixar a câmera por alguns minutos no camarim em Campo Grande-MS, quando voltei não estava mais. Cansei de ouvir histórias de equipamento roubado de vários colegas de profissão, então recomendo não desgrudar nem tirar os olhos do seu equipamento nem por um segundo.

Processed with VSCO with c3 preset
Alisson, fala um pouco da sua paixão pela fotografia vivenciada dentro da música eletrônica, e quais foram as dificuldades e recompensas da profissão?

Toda profissão tem suas dificuldades no começo, passei muito aperto, frio, medo, incerteza, já jogaram e ainda jogam bebida em mim, no meu equipamento, já fui muito criticado por não ser bom o bastante, mas hoje sinto que estou mais preparado para as surpresas da estrada, podem surgir novas situações mas vou saber lidar melhor. Tudo que passamos é experiência e aprendizado, temos que passar por todos os processos da hierarquia de necessidades para saber lidar com o que vem a seguir, o que eu amo fazer hoje é minha profissão.

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Como é trabalhar nesse meio, viajar, estar ao lado de grandes artistas por onde você passa e deixa registrado suas belas imagens?

Não é bem como todos imaginam, você dorme pouco, se alimenta mal, trabalha bastante, é cobrado incessantemente por você mesmo, mas ao mesmo tempo está fazendo o que ama, conhecendo pessoas novas, encontrando amigos da estrada, e quando dá tempo conhece melhor a cidade que está. Os backstages das festas na maioria das vezes é um playground de networking da cena, você conversa com djs que é fã, faz contato com pessoas que trabalham na área, aprende sobre várias coisas se for interessado, vê gente f*da trabalhando, eu por exemplo me amarro demais em parte técnica de evento, como foi feito, as especificações técnicas do festival, quanto tem de som, luz, efeitos, o que cada artistas pede, tenho grande amizade com as pessoas que trabalham no backstage por isso.

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O que você diria para quem quer seguir carreira na fotografia? (mais precisamente na área de eventos, festivais, Djs)

Não é nada fácil, o caminho é longo e árduo.

•Tenha sempre em mente onde você quer chegar e o que precisa fazer pra alcançar seus objetivos;
•Estude muito, mas muito mesmo, leia livros, assista vídeos no YouTube, tutoriais, vídeo aula;
•Busque referências, copie o estilo de quem você gosta, não é vergonha copiar quem é bom até você desenvolver seu próprio estilo ;
•Aprenda a usar o equipamento, parece um conselho idiota mas muitos nem leem o manual da câmera;
•Seja uma pessoa legal, não basta apenas saber fotografar, tem que saber conversar também, você vai precisar conversar com várias pessoas se quiser ter acessos e fazer contatos importantes;
•Seja humilde e ambicioso. Ambição é diferente de ganância;
•E o principal, fotografe. Leve sua câmara pra todo lugar que for, fotografe churrasco de amigos, seu cachorro, no parque, na escola, qualquer lugar é um bom lugar pra praticar, e só a pratica leva à perfeição.

Confira a seguir algumas das melhores fotos de Alisson Demetrio.

© Alisson Demetrio | 2017
© Alisson Demetrio | 2017
© Alisson Demetrio | 2017
© Alisson Demetrio | 2017
© Alisson Demetrio | 2016
© Alisson Demetrio | 2016
© Alisson Demetrio | 2016
© Alisson Demetrio | 2016
© Alisson Demetrio | 2017
© Alisson Demetrio | 2017
© Alisson Demetrio | 2017
© Alisson Demetrio | 2017

Alisson_demetrio_entrevista_backstages_2018 (3)

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